terça-feira, 2 de setembro de 2014

HISTÓRIAS DE IEMANJÁ

Yemanjá na África - Yemanjá ou Yemoja é o Orixá dos Egbá, uma Nação Iorubá outrora estabelecida na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemoja. Yemanjá era cultuada às margens desse rio.
Seu nome, assim como o de todos os Orixás, vem da cultura Nagô, de língua Iorubá, e deriva de “Yèyé Omo Ejá”, que significa a Mãe cujos filhos são peixes ou a Mãe de muitos filhos (Yèyé ou Yê= mãe; Omo= filhos; Ejá= peixes).
As guerras entre Nações Iorubás levaram os Egbá a emigrarem na direção oeste, para Abeokutá, no início do século XIX. Obviamente que não poderiam levar consigo o rio Yemoja, então os Egbá transportaram os objetos sagrados de suporte do axé da Divindade, passando a cultuá-la no rio Ògùn, que atravessa a região. Pierre Verger afirma que este rio Ògùn não deve ser confundido com Ogum, o deus do ferro e dos ferreiros, baseando esta afirmação nos ensinamentos mais antigos e tradicionais sobre a Divindade Ogum, e inclusive contrariando escritos de alguns autores do final do século passado.
O principal templo de Yemanjá está em Ibará, um bairro de Abeokutá. Seus fiéis, todos os anos, vão buscar a água sagrada numa fonte do rio Lakaxa, que é um afluente do rio Ògùn, para lavar os axés da Divindade. Essa água é recolhida em jarras, transportada numa procissão seguida por pessoas que carregam esculturas de madeira (ère) e um conjunto de tambores. Na volta, o cortejo vai saudar as pessoas importantes do bairro, começando por Olúbàrà, o rei de Ibará.
Entre os Egbá, Yemanjá ou Yemojá é saudada como “Odò ìyá” (Odo=rio; ìyá= mãe). Ela é filha de Olokun, Divindade riquíssima, dona do oceano e de todas as suas riquezas. Em Ifé, Olokun é uma Divindade feminina, uma deusa do mar; e em Benin e Lagos, é cultuada como Divindade masculina, é um deus do mar. 
Numa história de Ifá, Yemanjá aparece casada pela primeira vez com Orumilá, Senhor das Adivinhações; e depois com Olofin, Rei de Ifé.
Segundo as lendas, desse casamento com Olofin, Yemanjá teve dez filhos, entre eles Oxumarê ("O arco-íris que se desloca com a chuva e guarda o fogo nos seus punhos") e Xangô ("O trovão que se desloca com a chuva e revela seus segredos").

Yemanjá também foi casada com Oxalá; união que representa a fusão do céu com o mar, no horizonte.
Considerada a Mãe de todos os Orixás e da humanidade, Yemanjá simboliza a manifestação da procriação, da restauração das emoções e a fecundidade. É a grande provedora, que proporciona o sustento a todos os seus filhos.
(Do livro "Orixás” - Pierre Fatumbi Verger - Editora Corrupio.)

Yemanjá no Novo Mundo - Yemanjá é uma Divindade muito popular no Brasil e em Cuba.
Usa roupas cobertas de pérolas e tem filhos no mundo inteiro. Está em todo lugar aonde chega o mar.
Seu axé é assentado sobre pedras marinhas e conchas, guardadas numa porcelana azul.
Nas religiões de matriz africana, o sábado é o dia da semana que lhe é usualmente consagrado, juntamente com outras Divindades femininas.
Suas comidas rituais ou votivas consistem de carneiro e pato, além de preparados à base de milho branco, azeite, sal e cebola.
Seus adeptos usam colares de contas de vidro transparentes e vestem-se, de preferência, de azul-claro.
Em Cuba, Yemanjá é reverenciada como Yemajá ou Yemayá e também relacionada às cores azul e branca. É uma Rainha do Mar Negra, que assume o nome cristão de “La Virgen de la Regla” e faz parte da Santeria, como Santa Padroeira dos portos de Havana.

Yemanjá no Brasil- Entre as Mães Orixás, Yemanjá é a mais popular, sendo festejada em todo o Brasil como a Rainha do Mar, a Padroeira dos náufragos, a Grande Mãe, a Mãe de todas as cabeças humanas. Na versão de Pierre Verger, Ela representa a mãe que protege os filhos a qualquer custo, a mãe de vários filhos (peixes), que adora cuidar de crianças e de animais domésticos.
Além dos muitos nomes africanos pelos quais é conhecida, a forma portuguesa Janaína também é utilizada; e foi criada como a maneira mais branda de "sincretismo" encontrada pelos africanos aqui escravizados para a perpetuação dos seus Cultos. Várias
composições de autoria popular foram realizadas de forma a saudar a "Janaína do Mar", e algumas como canções litúrgicas.

Diz JORGE AMADO: “Iemanjá, rainha do mar, é também conhecida por dona Janaína, Inaê, Princesa de Aiocá e Maria, no paralelismo com a religião católica. Aiocá é o reino das terras misteriosas da felicidade e da liberdade, imagem das terras natais da África, saudades dos dias livres na floresta”. 
                                                               
Na Bahia, seus adeptos usam colares de contas de vidro transparentes e vestem-se, de preferência, de azul-claro.
Seu axé é representado por pedras marinhas e conchas consagradas ritualmente, guardadas numa sopeira de porcelana azul.
No Candomblé, durante o Xirê dos Orixás (dança dos Orixás), suas Iaôs trazem um leque de metal branco nas mãos e tocam alternadamente a testa e a nuca, com as mãos, numa saudação à Regência de Yemanjá na vida dessas filhas. Alguns entendem que por esse gesto, de tocar a testa e a nuca, Yemanjá procura chamar a atenção para a beleza do seu penteado de rainha.
As saudações mais usadas para Yemanjá são: Odoiyá (ou Odoyá); Odô Miô (ou Omio; ou Omiodo); Odociaba (ou Odociyabá; ou Odofiaba; ou Odô-fe-iaba)- significando “Mãe do rio” ou “Mãe das águas”. São verdadeiros mantras de Yemanjá que, ao serem pronunciados com amor e reverência, atraem as Irradiações da Mãe Divina.

Yemanjá é o único Orixá que tem uma imagem genuinamente umbandista, na qual é retratada com um vestido azul, longos cabelos negros e pérolas caindo das mãos. Algumas vezes, tem vestes branco-peroladas, cor que lembra muito a fusão dos elementos Água e Cristal, sobre os quais Yemanjá atua. De acordo com Pai Ronaldo Linares, a referida imagem foi visualizada acima do mar, na década de 1950, pela senhora Dala Paes Leme. Um artista pintou um quadro da imagem descrita, e a partir dele começaram a ser feitas essas imagens de Yemanjá, adotadas em boa parte dos Terreiros de Umbanda.

Fonte e Créditos:
http://www.seteporteiras.org.br/

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