sábado, 27 de dezembro de 2014

CONVERSA ENTRE EXU E OXALÁ

O céu e a terra fundiam-se no horizonte distante, parecendo uma coisa só, como se não houvesse separação entre o mundo espiritual e o material, a consciência individual e a cósmica.
Sentado sobre uma pedra enorme na montanha, de cabeça baixa e olhos apenas entreabertos, Exu observava o fenômeno da natureza e refletia sobre o seu interminável trabalho.

- Como é difícil a humanidade – pensou em certo momento – parece nunca estar satisfeita, está sempre querendo mais e em sua essência egoísta desarmoniza tudo, tudo...Tudo que era pra ser tão simples acaba tão complicado.
Com os olhos habituados a enxergar na escuridão e na distância, Exu observou cada canto daqueles arredores.Viu pessoas destruindo a si mesmas através de vícios variados, viu maldades premeditadas e outras praticadas como se fossem atos da mais perfeita normalidade.Viu injustiças, principalmente contra os mais fracos e indefesos.Com seus ouvidos, também atentos a tudo, ouviu mentiras, palavras de maledicência, gritos de ódio e sussurros de traição.

Exu suspirou.

- Serei eu o diabo da humanidade? – pensou ironicamente, ao lembrar o quanto era associado à figura de demônio, passou horas observando coisas que estava habituado a ver todos os dias; mentiras, fraudes, corrupção, traições, inveja e uma gama enorme de sentimentos negativos.
Foi quando estava imerso nesses pensamentos que Exu ouviu uma voz ao seu lado, dizendo naquele tom austero, porém complacente:

-Laroyê, Senhor Falante.

Exu ergueu os olhos e vislumbrou a figura altiva de Oxalá.

-Epa Babá – respondeu Exu, fazendo um pequeno movimento com a cabeça, em sinal de respeito.

-Noto que está pensativo amigo exu – falou Oxalá.

Exu respirou fundo, contemplou novamente o horizonte e respondeu:

-Trabalhamos tanto...e incansavelmente, mas os homens parecem não valorizar nosso esforço.

Oxalá moveu os lábios para dizer algo, mas antes que isso acontecesse, Exu, como que prevendo o que seria dito, continuou:

-Não falo em tom de reclamação, sou um trabalhador incansável e o amigo sabe disso, é com prazer que levo o que tem que ser levado e retiro o que deve ser retirado, é com satisfação que abro ou fecho os caminhos, de acordo com a necessidade de cada um, é com resignação que acolho sobre minhas costas largas a culpa do mal que muitos espíritos encarnados e desencarnados fazem, para mim não existe frio ou calor, cansaço ou preguiça, existe apenas a necessidade de cumprir a tarefa para qual fui designado.

-Se mostra tão resignado e, no entanto, parece que deixa se abater pelo desânimo – comentou Oxalá, apoiando-se em seu paxorô.

Exu soltou uma gargalhada, ao que Oxalá deu um leve sorriso, com um movimento quase imperceptível no canto direito dos lábios.

-Não sou resignado nem tampouco estou desanimado – falou Exu – estou pensativo sobre pouca inteligência dos homens.Veja só: como responsável pela aplicação da Lei Carmica observo muita coisa.Observo não apenas o sofrimento que alguns homens impõem a si mesmos, mas vejo também as incessantes oportunidades que o Universo dá a cada um dos seres que habitam a Terra.O aprendizado que tanto precisam lhes é dada a oportunidade de aprender pela dor, mas geralmente só lembram a lição enquanto a dor está a alfinetar sua carne.Com o alívio vem o esquecimento e todos os erros e vícios voltam a aflorar.

Oxalá fez menção em dizer algo, mas com o dedo em riste entre os lábios, novamente Exu o impediu de falar.

-Ouça – disse Exu, colocando a mão em concha na orelha, como se ele e Oxalá precisassem disso para ouvir melhor.E ambos ouviram o som que vinha da Terra.O som da inveja, dos maus sentimentos, da maledicência, da promiscuidade, da ganância.Exu deu outra gargalhada e disse:

-Percebe?Temos trabalho por muitos séculos ainda.

-E isso não é bom?-perguntou Oxalá, que dessa vez não deixou Exu responder e continuou:

-Pobres homens, ignorantes da própria grandeza espiritual e da simplicidade do Universo, se não desconhecessem tanto o funcionamento das coisas, seriam mais felizes.

-Não estão preocupados em discernir o bem e o mal – resmungou Exu.

-E você está Senhor Falante? – tornou Oxalá.

Mais uma vez Exu gargalhou.

-Para mim não existe o bem ou o mal, existe o justo, bem sabe disso.

-Então por que tenta exigir esse discernimento dos pobres homens?

-Eu conheço os caminhos – respondeu Exu um tanto irritado – para mim não existe 
obstáculos, todos os caminhos se abrem em encruzilhadas, para mim as portas nunca se fecham e as correntes nunca prendem, conheço o sutil mistério que separar aquilo que chamam de bem daquilo que chamam de mal, não sou maniqueísta, não sou benevolente, pois não dou a quem não merece, mas também não sou cruel, pois sempre ajo dentro da lei.Os homens coitados, acreditam na visão simplista do bem e do mal, como se todo o Universo, em sua “complexa simplicidade” se resumisse apenas entre o bem e o mal.

-Pobres homens – repetiu Oxalá.

-Pobres homens – concordou Exu – mesmo olhando o Universo de uma forma tão simplista, dividido apenas entre bem e mal, acabam sempre demonizando tudo, achando que o mal é o melhor caminho para conseguir o que desejam ou então acreditam que são eternas vítimas do mal e o que é pior, quase sempre eu é que sou o culpado.

-Mas você é o responsável pelo mal? – perguntou Oxalá, admirando o horizonte.

-Sou justo, apenas isso – respondeu Exu.

-Não seria a justiça uma prerrogativa de Xangô? – tornou o maior dos Orixás.

Exu olhou no fundo dos olhos de Oxalá e respondeu:

-Estou a serviço do Universo, de cada uma das forças que o compõe, inclusive do Senhor da Justiça.

-Isso significa que trabalha em harmonia com o Universo caro Exu?

-Imaginei que soubesse disso – respondeu Exu, irônico como sempre.

-Acho que sempre soube, quando observo o horizonte e vejo o céu fundindo-se a Terra, percebo o quanto o material pode estar ligado ao espiritual, mas também lembro que o Sol vai raiar e acredito que apesar de todas as dificuldades que os próprios homens criam é possível acender a chama da Fé em seus corações, percebo o quanto eles são falhos, mas percebo também o quão são frágeis e precisam de nós – e nesse momento pousou a mão sobre o ombro de Exu – sejam dos que trabalham na luz ou na escuridão, pois tudo faz parte do Uno e se inter-relacionam, o mesmo homem que hoje estás nas profundezas mais abissais, amanhã pode ser o mensageiro da Luz.

Exu olhou para os olhos de Oxalá, como se não estivesse concordando, mas dessa vez foi Oxalá que não deixou que o outro falasse, prosseguindo com a sua narrativa:

-Se não fossem os valorosos guardiões que trabalham nas regiões trevosas, dificilmente os que ali sofrem um dia alcançariam o benefício da Luz, se houvesse apenas a Luz, não haveria o aprendizado, que tem como ponto de partida o desconhecimento, as trevas.O Universo tão simples é ao mesmo tempo tão inteligente, que mesmo nós, que observamos os homens a uma distância grande, às vezes nos surpreendemos com a sua magnitude.Os homens são frutos que precisam amadurecer e você, amigo Exu é a estufa que os aquece até o ponto certo da maturação e eu sou a mão que os colhe como frutos amadurecidos.

-Quem diria que trabalhamos em harmonia? – disse Exu em meio a um sorriso – acreditam que vivemos a digladiar quando na verdade trabalhamos em busca de um mesmo objetivo: o aprimorar da raça humana.

Oxalá só não soltou uma gargalhada porque não era esse o seu hábito, mas disse sem conseguir esconder o contentamento:

-Então companheiro Exu não temos porque lamentar.A ignorância em que vivem os homens é sinal de que ainda temos trabalho a realizar, a pouca sabedoria que possuem significa que ainda estão muito próximos ao ponto de partida e cabe a nós, não importa se chamados “direita” ou “esquerda”, auxiliá-los em sua caminhada, que é muito longa ainda.Apenas contemplar as mazelas dos corações humanos não irá auxiliá-los em nada.Sou a luz que guia os olhos da humanidade e você o movimento que não a deixa estática.Se pararmos por um segundo sequer, atrasaremos em séculos e séculos o progresso da raça humana, que tanto depende de nós.

Nesse momento o Sol começou a raiar timidamente no horizonte, separando o céu da Terra, Exu levantou-se da sua pedra e se pôs a caminhar montanha abaixo.

-Aonde vai, Senhor Falante? – perguntou Oxalá, como se não soubesse.

-Vou trabalhar Senhor dos Orixás – respondeu Exu gargalhando novamente – Esqueceu que sou um trabalhador incansável e que trabalho em harmonia com o Universo, mesmo que ele me imponha a luz do Sol?

Oxalá não respondeu, mas esboçou um sorriso tímido, assim trabalhava o Universo: Sempre em Harmonia, os homens, mesmo ainda presos a tantos conceitos primários, trilhavam os primeiros passos em direção ao progresso, pois não estavam órfãos de seus Orixás e protetores.

PRECE EXU TRANCA RUAS

AO MISTÉRIO TRANCA RUAS
FAÇO REVERÊNCIA A VÓS MISTÉRIO SAGRADO DA CRIAÇÃO, VÓS QUE SOIS A MANIFESTAÇÃO DO DIVINO, PELO QUE NESTE MOMENTO POSSA SE MANIFESTAR ENTRE NÓS, CONFORME NOSSO MERECIMENTO.
NO SEU PODER, NA SUA FORÇA E NA SUA MAGNITUDE, PELO CAMINHO TRIPOLAR QUE EMANA DE VÓS, PELO CAMINHO QUE SÓ VÓS CONHECEIS, PELA FORÇA QUE SÓ A VÓS PERTENCEIS E PELO PODER DE TRANCAR A VÓS CONCEDIDO.
EU PEÇO:
QUE AS TREVAS QUE HABITAM EM MIM SEJAM TRANCADAS; QUE O ÓDIO E O SENTIMENTO IMPURO QUE EMANA DA MINHA ALMA SEJAM TRANCADOS; QUE A DISSIMULAÇÃO E A SUPERFICIALIDADE QUE NASCE DA MINHA LÍNGUA SEJAM TRANCADOS;
QUE O EGOÍSMO E A MALDADE QUE TRANSCEDEM DA MINHA MENTE SEJAM TRANCADOS;
QUE A PALAVRA TORTA QUE SAI DA MINHA BOCA E O PENSAMENTO ROTO QUE SAI DA MINHA CABEÇA CONTRA O PRÓXIMO SEJAM TRANCADOS;
QUE A CAPACIDADE QUE OS MEUS OLHOS TÊM DE AMALDIÇOAR E DESTRUIR SEJAM TRANCADOS;
E ASSIM, FONTE PRIMÁRIA DA CRIAÇÃO, ASSIM QUE TRANCAR A TUDO ISSO NO SEU AMÂGO, POIS É NA VOSSA ESSÊNCIA QUE TUDO ISSO SE DESVITALIZA.
PEÇO A VÓS QUE:
DESTRANQUE TODAS AS PORTAS DO MEU CAMINHO;
DESTRANQUE TODAS AS PASSAGENS DA MINHA JORNADA;
DESTRANQUE TODA A PROSPERIDADE MATERIAL E ESPIRITUAL;
DESTRANQUE O MEU CORAÇÃO DAS AMARGURAS;
DESTRANQUE O MEU SUSTENTO DE CADA DIA;
DESTRANQUE OS MEUS CORPOS ESPIRITUAIS E MATERIAL DE AGONIA, DO DESESPERO E DA AFLIÇÃO QUE ME ASSOLAM NA CALADA DA NOITE;
DESTRANQUE O MEU EMPREGO, O MEU NEGÓCIO E A MINHA MORADA MATERIAL;
DESTRANQUE OS MEUS OLHOS PARA AS MARAVILHAS DO MUNDO ESPIRITUAL;
DESTRANQUE A MINHA LIBERDADE!
POIS VÓS, FORÇA SAGRADA DO DIVINO CRIADOR, É O PORTADOR SUPREMO DA VITALIDADE!
SALVE O MISTÉRIO
TRANCA - RUAS

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OBÁ

Trono: Trono Feminino do Conhecimento

Linha: Conhecimento

Fator: Concentrador (fator puro) e Expansor (fator misto)

Atributo: Atua no Raciocínio e dá concentração

Sentido: Conhecimento

Essência: Terra

Elemento: Terra e Vegetal

Polariza com: Oxóssi

Cor: Magenta (a cor que dá estabilidade, firmeza e razão); também o verde junto com o marrom e o vermelho junto com o branco.

Ervas: As raízes em geral (porque nascem e vivem na terra, nos domínios da Mãe Obá); babosa, alecrim, manjericão, hortelã, dandá da costa (ou tiririca), aspargo, urtiga, folhas de abacaxi, salsa, imburana, folhas da abóbora, salsaparrilha, espada de Santa Rita, alho, golfo de flor (de qualquer cor), candeia, nega-mina, folha de amendoeira, alfavaca (obs.: a alfavaca é um tipo de manjericão), peregum roxo.

Símbolos: espada (idà), escudo e coroa de cobre e um ofá (arco e flecha).

Ponto na Natureza: Beira da Mata

Flores: rosas brancas, flores do campo, amor perfeito, rosas e palmas vermelhas

Pedras: Calcedônia, madeira fossilizada, turmalina verde, jaspe madeira. Dia indicado para a consagração: 2ª-feira- Hora indicada: 22 horas

Metais e Minérios: Cobre. Hematita. Dia indicado para a consagração: sábado- Hora indicada para a consagração: 15 horas

Saúde: o cérebro inferior, o olho esquerdo, os ouvidos, o nariz e o sistema nervoso.

Planeta: Urano

Dia da Semana: Quarta Feira

Chacra: Frontal

Saudação: "Salve a Divina Mãe Obá!" - Resposta: "Akirô Obá-Yê!";
Obá XÍ! ou Obá Xirê!.

Bebida: vinho tinto licoroso; água com hortelã macerada e adoçada com mel ou com açúcar; água de coco; sumo de hortelã, alecrim e manjericão; água mineral

Comidas: coco verde, romã, abacaxi, moranga, manga, ameixa preta, tangerina, maçã, amendoim, mandioca, cenoura.

Números: 7 e seus múltiplos

Data Comemorativa: dia 30 de Maio

Sincretismo:
Na Umbanda, Mãe Obá é celebrada no dia 30 de maio, sincretizada com Santa Joana D’Arc. No Candomblé, é sincretizada também com Santa Catarina.

Qualidades:
Obá Gideo
Obá Rewá

ALGUMAS COMIDAS RITUAIS DE OBÁ

Moranga com camarão: 1 moranga; 500g de camarão limpo; um maço de espinafre (ou de taioba, ou de mostarda); 01 cebola ; dendê.
Cozinhar ligeiramente a moranga inteira. Depois, abrir um círculo em cima da moranga, tirar a tampa e as sementes. Cortar a verdura em tiras, refogar com cebola, dendê e os camarões. Colocar o refogado dentro da moranga. Oferendar sobre folhas de hortelã fresca.

Moranga com frutas: Cozinhar ligeiramente uma moranga, tirar a tampa e remover as sementes. Dentro da moranga, colocar frutas, já cortadas e em camadas, assim: 1 pera, 1 maçã, 1 cacho de uva branca, 1 melão, 1 manga. Cobrir cada camada de fruta com açúcar cristal. A última camada deve ser coberta de açúcar. Oferendar sobre folhas de hortelã fresca misturadas com as sementes retiradas da moranga.

Abará: São bolinhos feitos com a massa de feijão fradinho já levemente cozido e temperado com um pouquinho de dendê.  Moldar os bolinhos, enrolar em folha de bananeira e cozinhar em banho-maria.

Acarajé: Massa: 500g feijão fradinho, 3 cebolas raladas, 1 colher de sopa de sal, 1 garrafa de dendê Deixar o feijão de molho de véspera. Retirar o olhinho preto e a pele dos feijões. Triturar. Temperar com cebola e sal. Bater bem, com colher de pau, até virar um creme. Reservar a massa para fritar.

Molho: 500g de camarão; 2 pimentas malaguetas, 1 cebola ralada, coentro fresco picado, 1 xícara de dendê. Misturar bem. Levar ao fogo por uns 10 minutos.

Fritar a massa às colheradas, em azeite de dendê quente, dourando os dois lados. Abrir os acarajés com uma faca e recheá-los com o molho.

Oferendar num prato de papelão forrado com folhas de alface. Ou colocar os bolinhos diretamente sobre folhas de verduras (alface, mostarda, taioba, etc.).

Ovos: Passar no azeite de oliva uma cebola picadinha, com uma pitada de sal, apenas para murchar. Quebrar ali alguns ovos, acrescentar mais um fio de azeite. Deixar fritar um pouco. Os ovos ficam com as gemas ligeiramente moles. Decorar com hortelã picadinha, cheiro-verde e orégano, a gosto. Colocar os ovos sobre um creme de mandioca cozida, amassada e passada ligeiramente no azeite de oliva com cebola picadinha. Oferendar sobre folhas de bananeira.

EXUS E POMBAGIRAS DE OBÁ

Alguns Exus e Pombagiras de Obá:
7 Raízes (de Oxalá/Oxóssi/Obá), da Terra (de Obá e Omolu), Treme Terra (Obá/Omolu), da Terra Roxa (Obá e Omolu).

CABOCLOS DE OBÁ

Alguns Caboclos de Obá:
Caboclo da Terra (de Obá e Omolu), Caboclo Raiz (de Obá e Oxóssi), Caboclo 7 Raízes (de Oxalá, Oxóssi e Obá), Caboclo Treme Terra (de Obá e Omolu), Caboclo Terra Roxa (de Obá e Omolu)

OFERENDA PARA OBÁ

Oferenda: 1 coco verde aberto (separar a água); a água do coco verde com folhas de hortelã quinadas e em seguida adoçada com mel; vinho tinto licoroso; raízes e ervas; 1 kg de canjica amarela levemente aferventada em água mineral, escorrida e depois regada com mel; flores do campo; 7 velas verde-escuro, e 7 magenta (ou vermelhas); 2 folhas de bananeira; um pedaço de tecido de cor magenta (ou vermelho) e outro, do mesmo tamanho, na cor verde escuro. Local para a oferenda: a beira da mata.
Preparação: Separar todo o material e elevar o pensamento à Divina Mãe Obá, pedindo que nos dê sua licença e sua bênção para o que vamos fazer.
Montagem: Estender os panos na terra, em forma de estrela (o magenta em cima do verde) e sobre eles abrir as folhas de bananeira. Dispor os elementos sobre estas folhas, tendo os panos embaixo.
Despejar a água de coco com hortelã e mel dentro do coco e colocá-lo no centro da oferenda.
Rodear o coco com a canjica amarela. Em volta, distribuir as raízes e as demais ervas.
Fazer novo círculo, agora com as flores.
Por fora da oferenda montada, firmar as velas, alternando 1 verde e 1 magenta.
Circular tudo com o vinho licoroso, despejando-o com a mão direita sobre a terra e saudando a Divina Mãe Obá: “Akirô Obá-Yê!” Dar 3 voltas sobre a oferenda, no sentido horário, derramando o vinho e fazendo a saudação. Pedir a Obá que nos dê proteção, foco, concentração e objetividade na vida, e que Ela nos mostre sempre a verdade e nos livre dos enganos e dos enganadores.

Observação:
Conforme o ensinamento do professor Rubens Saraceni, sempre que fazemos oferenda à Mãe Obá também podemos levar um pedaço de carne bovina para saudar o Sr. Exu da Terra, que é o Guardião Planetário de Obá. Isso será feito antes de colocarmos a oferenda para Obá.
Então, chegando ao lugar escolhido na beira da mata, e à esquerda do ponto aonde iremos oferendar Obá, primeiro saudamos e pedimos licença ao Sr. Exu e à Senhora Pombagira guardiões daquele ponto de força, derramando pinga e sidra na terra e ali firmando 1 vela preta e 1 vela vermelha.
Damos 7 passos à frente, sempre à esquerda do local onde será colocada a oferenda de Obá e ali cavamos um buraco na terra, nele colocando a carne que oferecemos ao Sr. Exu Guardião Planetário da Terra.
Depois, cercamos o buraco com 7 velas pretas e 7 vermelhas, saudando o Sr. Exu Guardião Planetário da Terra. Podemos dizer: “Laroyê, Senhor Exu Guardião Planetário da Terra! Exu Guardião da Terra é mojubá!” Apenas o saudamos, em sinal de respeito, NÃO fazemos pedido algum a Ele, pois é um Guardião Planetário!

Feito isto, damos 7 passos à frente e à direita, para então montar a oferenda de Mãe Obá.

Alguns procedimentos para saudar Mãe Obá:

a) Colocar um pouco de água mineral nas mãos e elevar o pensamento à Mãe Obá. Derramar 3 vezes um pouco de água no chão, com respeito e reverência,  dizendo: “Akirô Oba-Yê” (nas 3 vezes). Esta saudação funciona como um mantra e significa: “Eu saúdo o Seu Conhecimento, Senhora da Terra!”; ou: “Eu saúdo a Terra, Senhora do Conhecimento!“ Isso pode ser feito também no Terreiro, na frente do Altar.

b) Colocar na frente do nosso Altar doméstico uma bacia de ágata (ou louça branca) com água mineral e hortelã fresca quinada (picada com as mãos) e macerada (deixada em repouso na água por algumas horas). Ofertar e consagrar à Mãe Obá, pedindo amparo, proteção, firmeza e concentração nos objetivos. No Terreiro, isso é feito na frente do Altar.

c) Colocar na frente do Altar (doméstico, ou então do Terreiro), com a mesma finalidade, uma tigela branca (ou alguidar) com terra vegetal e acender na terra 1 vela para Mãe Obá, pedindo bênçãos, proteção e concentração (foco, objetividade na vida).

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OBÁ

No positivo: São pessoas lutadoras, bravas, muito zelosas com seus pertences, dedicadas e muitas vezes ingênuas, principalmente em relação ao amor e às amizades.
Humildes, resignadas, esperançosas, boas ouvintes e conselheiras, são capazes de dar o próprio pão a alguém que não tenha nada para comer.
São pessoas de grande valor e dedicação e tendem a alcançar seus ideais.
Um tanto agressivas, às vezes são pouco compreendidas.
Gostam das coisas práticas, apreciam a vida doméstica e a segurança do lar
Muito reservadas com suas amizades, preferem não falar de si mesmas e desconfiam ao primeiro sinal de alerta interior.
Não gostam de pessoas soberbas, arrogantes e vaidosas, nem de lugares ou reuniões agitados e de conversas vazias e vulgares.
No negativo: São intrigantes, ciumentas, ficam remoendo uma ofensa recebida, são cruéis e traiçoeiras e se vingam na primeira oportunidade que surgir.
Amaci: água de rio com pétalas de rosa branca e folhas de alecrim maceradas e curtidas por 24 horas.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

ALGUMAS DIVINDADES ASSEMELHADAS A OBÁ

Deméter- divindade grega das colheitas, da lavoura e da fertilidade do solo, que ensinava a arar a terra e a semear o trigo. (Entre os romanos é Ceres, filha de Cronos e Réia.)

Bona Dea- divindade romana da terra e da fertilidade, a “boa deusa” que traz a abundância de alimentos.

Cibele- divindade romana da terra, a “Magna Mater”, a Grande Mãe Terra, senhora da vegetação e da fertilidade.

Minerva- divindade romana e etrusca, cujo nome deriva de “mente”. Regia a inteligência, a criatividade, a sabedoria, as habilidades domésticas e os trabalhos guiados pela mente.

Tari Pennu- divindade hindu da terra, da fertilidade e das boas colheitas.

Nisaba- divindade sumeriana das artes do escriba, protetora das escolas, dos professores
e estudantes. Também protegia a agricultura e a vegetação.

Zamyaz- divindade persa da terra, dos grãos e da fertilidade.

Armait- divindade persa no panteão do Zoroastrismo, deusa da sabedoria e Senhora da Terra.

Erce- divindade eslava da terra, protetora dos campos e plantações. Recebia oferendas de leite, mel, vinho e fubá, despejados nos campos e nos cantos da propriedade.

Uke-Mochi-no-Kami- divindade japonesa da agricultura e dos alimentos. Também é mãe da divindade dos brotos de arroz (Waka-Saname-no-Kame) e juntos são responsáveis pela fertilidade da terra, recebendo oferendas de arroz e brotos.

Ma Emma- divindade estoniana, a Mãe Terra. Recebia oferendas de leite, manteiga e lã, ao pé de árvores velhas ou sobre lajes.

Pachamama, Divindade inca da terra. É a Mãe-Terra, a quem se fazem oferendas para obter boas colheitas. Senhora das montanhas, rochas e planícies.

LENDAS DE OBÁ

1 - Obá luta com Ogum
Obá era uma mulher cheia de vigor e coragem, não temia ninguém no mundo. Seu maior prazer era lutar; e Obá venceu Oxalá, Oxóssi, Orumilá e Oxumarê e ainda desafiou Obaluayê e Exu.
Chegou a vez de Ogum!  Mas Ogum teve o cuidado de consultar Ifá, antes da luta. Então, preparou a oferenda que lhe fora indicada: muitas espigas de milho e muitos quiabos, tudo pisado num pilão até virar uma massa viscosa e escorregadia.
Na hora marcada, Obá e Ogum se enfrentaram. No inicio, Obá parecia dominar a situação. Mas Ogum recuou em direção ao lugar da oferenda. E Obá pisou na pasta viscosa e escorregou.
Ogum aproveitou para derrubá-la. Tomou-a ali mesmo e se tornou o primeiro marido de Obá.
Essa lenda destaca a qualidade guerreira de Obá e a sua determinação e coragem.
Obá venceu Oxalá, Oxóssi, Orumilá e Oxumarê, também desafiando Obaluayê e Exu, porque nenhum deles é Orixá guerreiro. Isso destaca que Obá é a guerreira.
Mas no final da lenda fica bem claro que o grande guerreiro é Ogum, cujo nome quer dizer justamente “Senhor da guerra”. Porque Ogum foi o único a vencer Obá e o primeiro a tomá-la como esposa. Isso significa também que Ogum está unido a Obá, ou seja, que a atuação de Obá é conjugada (“casada”) com a atuação da Lei Divina e tem o amparo da Lei Divina. Este aspecto sinaliza para um ponto importante: as nossas “lutas” precisam estar sob o amparo da Lei Divina.
Por outro lado, embora sendo um grande guerreiro, Ogum cuidou de fazer uma oferenda antes de ir para a luta com Obá e por isso obteve a vitória. Ou seja, Ogum reverenciou o Sagrado antes de ir para a luta. Mesmo sendo o Senhor da guerra, Ogum teve esse cuidado e respeito. E isto reforça o sentido das oferendas no campo religioso: o de um pedido de licença e de amparo do Sagrado, antes de se fazer qualquer coisa.

2 - Obá luta com Oxum
Mais tarde, Obá tornou-se a terceira mulher de Xangô, por ser forte e corajosa.
A primeira mulher de Xangô foi Iansã, que era bela e fascinante. A segunda foi Oxum, coquete e vaidosa.
Uma rivalidade logo se estabeleceu entre Obá e Oxum. Ambas disputavam a preferência do amor de Xangô. E Obá tentava descobrir o segredo das comidas que Oxum preparava para Xangô, e que tanto o agradavam.
Oxum decidiu montar uma armadilha para Obá: convidou-a para acompanhar a preparação de um prato que, segundo ela, era o preferido de Xangô.
Obá chegou na hora combinada.
Oxum usava um lenço amarrado à cabeça, que escondia suas orelhas. Preparava uma sopa para Xangô, na qual se viam dois cogumelos flutuando na superfície do caldo. Oxum convenceu Obá de que os cogumelos eram as suas orelhas, ingrediente essencial da receita. Xangô veio em seguida e se deliciou com a sopa.
Na semana seguinte, foi a vez de Obá cuidar de Xangô. Ela decidiu seguir a “receita” de Oxum. E colocou sua orelha esquerda no preparo.
Xangô ficou horrorizado ao ver que Obá cortara uma das orelhas e achou repugnante a comida.
Neste momento, Oxum chegou e retirou o lenço, revelando que suas orelhas estavam intactas. Furiosa, Obá precipitou-se sobre Oxum. Uma verdadeira luta se seguiu.
Enraivecido, Xangô trovejou sua fúria contra as duas.
Apavoradas, Oxum e Obá fugiram e se transformaram em rios. E até hoje as águas destes rios são tumultuadas, no lugar de sua confluência, como lembrança daquela disputa.
Essa lenda destaca vários aspectos:
Primeiro, que no campo do amor ninguém vence Oxum. Porque Oxum representa o Amor Divino.
Depois, mostra a determinação de Obá: para alcançar seu objetivo, Ela “cortou uma orelha”, isto é, não mediu esforços. Claro que não se pode levar isso ao pé da letra e querer aplicar em nossa vida, pois seria chegar ao extremo do extremo... As lendas procuram exaltar as Qualidades dos Orixás, isso é o que precisamos observar e compreender.
Finalmente, vem o destaque para Xangô como representante do equilíbrio da Justiça e da razão, que se “enfurece” com as duas por agirem de forma irracional e usarem de artimanhas para envolvê-lo. Xangô põe um ponto final na situação, aparando as arestas da irracionalidade no campo do amor e dos relacionamentos: os excessos emocionais de Obá e de Oxum transbordam ou são “descarregados”, formando dois rios de águas turbulentas... Vale dizer, Xangô é o grande equilibrador.
Essa lenda faz pensar ainda sobre outra questão: No Candomblé, quando incorpora em suas filhas, geralmente Obá leva uma das mãos na direção da orelha esquerda. Gesto que seria para cobrir o defeito, a falta da orelha cortada, segundo respeitável tradição.
Agora, se lembrarmos, de acordo com a tradição africana, que Obá “guarda o lado esquerdo” (Osì), que é o lado do coração, podemos talvez entender que Ela está atuando neste sentido: guardar o lado esquerdo. Inclusive, na dança do Orixá, a mão é projetada um pouco para trás, próxima ou na direção da abertura posterior do chakra frontal, que é o chakra regido pelo Trono do Conhecimento. O chakra frontal se abre para frente e para trás. Na abertura da frente, Oxóssi está irradiando o Conhecimento equilibrado. Na abertura posterior do frontal, Obá atua para corrigir excessos e para dar amparo a quem precisa de foco e concentração. Com certeza, aquele gesto tem muitos significados. Pois as lendas têm vasto conteúdo, revelam parte da extraordinária riqueza cultural dos Povos da Mãe África, de quem muito recebemos.

HISTÓRIA DE OBÁ

No Culto de Nação e no Candomblé Obá é conhecida e cultuada como Orixá do rio Níger, irmã de Iansã, esposa de Ogum e, posteriormente, a terceira e mais velha mulher de Xangô. Embora feminina, é temida, forte, enérgica, sendo considerada mais forte que muitos Orixás masculinos. Às vezes é também citada como caçadora.
Em toda a África Obá era cultuada como a grande deusa protetora do poder feminino, sendo por isso também saudada como “Iyá Agbá”, e ainda mantendo estreita ligação com as Iya Mi Oxorongá (as Mães Feiticeiras). Era uma mulher forte, que comandava as demais e desafiava o poder masculino.
Conta uma lenda que Obá lutou contra todos os Orixás e venceu Oxalá, Xangô e Orumilá, tornando-se temida por todos os deuses.
Outra lenda conta que Obá se transformou em rio quando perdeu para Oxum a disputa pelo amor de Xangô e que, mesmo assim, é uma deusa relacionada ao fogo: pois quem conhece o rio de Obá, na Nigéria, sabe que é um rio de águas revoltas, em constante movimento, motivo pelo qual é sinônimo de fogo.
As lendas falam também que Obá é “a guardiã da esquerda” e o Orixá do ciúme. E isso tem uma explicação: primeiro, é preciso lembrar que o lado esquerdo (Osì) sempre esteve relacionado à mulher, justamente porque é o lado do coração e da emoção. Então, quando
Obá é saudada como “guardiã da esquerda”, isso quer dizer que Ela é a protetora de todas as mulheres, é aquela que compreende os sentimentos do coração, pois Obá pensa com o coração. Por isso também, Obá amou e viveu paixões, com todos os dissabores e sofrimentos que isso traz, e Obá sente ciúme porque ama. Ela se dedicou à guerra para superar tais sofrimentos, o que também evidencia toda a sua determinação e coragem.

ORIXÁ OBÁ

Mãe Obá é a Divindade que está assentada no pólo negativo (isto é, absorvedor) da Linha do Conhecimento, que é a terceira Linha de Umbanda, onde polariza com Pai Oxóssi.
Ela e Oxóssi atuam em pólos opostos: Oxóssi estimula a busca do Conhecimento porque é o pólo positivo ou irradiante; enquanto Obá, como pólo absorvedor, paralisa os seres que se desvirtuaram por adquirir conhecimentos viciados, distorcidos ou falsos ou ainda por fazerem mau uso do conhecimento.
Obá é o Orixá que mostra a verdade e que nos ajuda a manter firmes os nossos objetivos, nosso raciocínio, nossa concentração e determinação.
Como Orixá Cósmico, Obá corrige toda expansão desvirtuada, todo conhecimento falso, ilusório, mentiroso.
Obá retira o poder de concentração e objetividade dos seres desvirtuados (como os falsos conhecedores e os soberbos que se apoderam do conhecimento para ter domínio sobre os outros) e então eles começam a perder o foco, a concentração, a linha de raciocínio. O ser que está sendo atuado de forma cósmica por Obá começa a perder interesse pelo assunto que tanto o atraía e se torna apático. Então, quando aquele ser já foi paralisado e teve seu emocional descarregado dos conceitos falsos, Obá o conduz ao campo de ação de Oxóssi, que começará a atuar para redirecioná-lo na linha reta do Conhecimento.
O campo onde Obá mais atua é o religioso. Como Divindade Cósmica responsável por paralisar os excessos cometidos pelas pessoas que dominam o conhecimento religioso, Ela paralisa os conhecimentos viciados e aquieta os seres, antes que cometam erros irreparáveis.
Todas as doutrinas religiosas que são rígidas e rigorosas com seus adeptos têm a sustentá-las a silenciosa atuação de nossa amada Mãe Obá.
O culto a Obá iniciou-se milênios atrás, com a irradiação simultânea de uma de suas qualidades ou aspectos a várias partes do mundo, quando então Ela se humanizou.
Nossa amada Mãe Obá já recolheu boa parte de seus filhos encantados que se espiritualizaram, mas muitos ainda estão evoluindo nos dois lados da dimensão humana (como encarnados e como desencarnados).
Muitos dos seus filhos hoje atuam na Umbanda como silenciosos Exus e discretas Pomba giras, também como Caboclos e Caboclas aguerridos e resolutos nas suas ações, precisos nos seus conselhos, mas de pouca conversa quando sentem que o conhecimento que trazem não é assimilado por seus médiuns ou pelos consulentes.
O elemento principal de Obá é a terra úmida e fértil que dá sustentação aos vegetais; e o segundo elemento da sua atuação é o vegetal. No elemento terra Obá atua para aquietar e densificar o racional dos seres. Pelo elemento vegetal, Obá atrai e paralisa os seres que estão se desvirtuando no caminho do Conhecimento.
Mas sua atuação não é somente para corrigir e paralisar negatividades. Como Divindade de Deus, Mãe Obá nos ampara e nos dá sustentação no Sentido do Conhecimento, sempre que nos mostramos de coração limpo e com boas intenções. Assim, quando temos boa intenção em aprender algo e queremos usar aquilo de forma positiva, mas sentimos dificuldade de aprender, Obá nos ampara e nos dá concentração. Ela também ajuda os seres bem intencionados que tenham dificuldade de encontrar o “foco” da vida, que vivam em confusão mental e se dispersem com facilidade, dando-lhes concentração e objetividade.
Obá é terra, é concentração, mas também é vista como Mãe-Orixá guerreira, séria, brava, objetiva, lembra uma professora rígida e exigente, concentrada e um pouco fechada.
Obá é associada ao número 14 e ao planeta Urano.

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OYÁ - TEMPO

Trono: Trono Feminino da Fé

Linha:

Fator: Condutor, Desmagnetizador, Descristalizador

Essência: Cristalina

Polariza com: Oxalá

Cor: Fumê, prateado, preto e branco, azul escuro
Aqui, a cor branca simboliza a presença de todas as cores; e a cor preta simboliza a ausência de todas as cores e representa o aspecto de absorção e esgotamento da religiosidade desvirtuada e dos excessos cometidos em nome da Fé

Fio de Contas: Contas e Missangas de suas cores

Ferramentas: Ampulheta,  Bambu

Ervas: Eucalipto, Alecrim, Anis

Símbolos: Aspiral

Ponto na Natureza: Campo Aberto ao Tempo

Flores: flores do campo, rosas amarelas, palmas amarelas
Essências: Eucalipto, Alecrim

Pedras: Quartzo Fumê e Cristais com incrustações

Metais e Minérios: Estanho. Dia indicado para consagração: 3ª feira. Horário: 13 horas

Saúde: cérebro superior e olho direito

Planeta: Cosmos

Dia da Semana: todos os dias da semana. Horário: 21 horas

Chacra: Coronário

Saudação: Olha o Tempo Minha Mãe!

Bebida: licor de anis, água mineral e água de chuva

Animal: Coruja

Comidas: canjica enfeitada com coco ralado ou tirinhas de coco; acaçás de leite ou acaçás de milho branco.

Número: 10

Data Comemorativa: 11 de Agosto

Sincretismo: Santa Clara

EXUS E POMBA GIRAS DE OYÁ -TEMPO

ALGUNS EXUS E POMBA GIRAS DE OYÁ -TEMPO:

EXUS: Exu Vira Mundo, Exu Gira Mundo, Exu do Tempo, Exu Porteira da Religiosidade, Exu chave da Religiosidade, Exu 7 Chaves da Religiosidade (de Oxalá e Oyá), Exu 7 Chaves da Fé e da Religiosidade (de Oxalá e Oyá), Exu 7 Porteiras da Religiosidade (de Oxalá e Oyá).
Os Exus Velhos também recebem uma regência de Oyá-Tempo, da mesma forma que os Caboclos Velhos.
E esses nomes ou denominações de Exus também podem ser aplicados às Pomba Giras de Oyá-Tempo: Pomba Gira do Tempo, Pomba Gira Chave da Religiosidade etc..
A Senhora Pomba Gira Maria Padilha é regida pelo Mistério do Tempo e atua sobre os desequilíbrios no campo da Fé e da Religiosidade, cortando as ilusões.

LINHA DE TRABALHO QUE DÁ SUSTENTAÇÃO:
Linha dos Ciganos e Boiadeiros

CABOCLOS DE OYÁ - TEMPO

ALGUNS CABOCLOS DE OYÁ -TEMPO:

Caboclo Gira Mundo, Caboclo do Tempo, Caboclo (ou Cabocla) Lua, Caboclo Sete Luas (de Oxalá e Oyá-Tempo).
Os Caboclos Velhos também recebem uma regência da Mãe Oyá-Tempo, dentro do Mistério Ancião (atravessaram o Tempo, adquiriram a experiência e o saber, aprimoraram a Fé e a Religiosidade, e atuam nesses campos).

DIVINDADES ASSEMELHADAS A OYÁ

Na Cultura Celta- a Divindade ARIANRHOD, guardiã da “roda de prata” que circunda as estrelas, símbolo do tempo e do carma. Deusa da reencarnação, que tem como símbolo a própria espiral do tempo;

Na Cultura Hindu- a Divindade TARA, regente do céu e das estrelas, senhora do tempo;

Na Cultura Nórdica- as Divindades DO TEMPO E DO DESTINO chamadas NORNES, que se dividem em URDHR, a avó anciã (passado), VERDANTI, a mãe matrona (presente) e SKULD, a jovem (futuro);

Na Cultura Egípcia- NUT, a Divindade do céu, cujo corpo forma a abóboda celeste e que aparece curvada como um arco sobre a terra. É o próprio céu, o espaço onde tudo acontece.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OYÁ TEMPO

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OYÁ TEMPO

Os Filhos e as Filhas de Oyá são introspectivos e até um tanto tímidos, pois a natureza forte de sua Mãe Divina exige deles  uma certa “beatitude”, já que, das Mães Divinas, Ela é a mais rigorosa com os seus filhos relapsos.
São Simpáticos, discretos, silenciosos, observadores, amigos e conselheiros, emotivos, mas guardam suas emoções para si ao invés de exterioriza-las, lutadores e muito sinceros.
Podem ser Retraídos, ciumentos, possessivos, evasivos, fugidios, descrentes, desconfiados, não perdoam uma ofensa, mesmo que for inconsciente. São glaciais nos seus envolvimentos emocionais.
Apreciam as coisas religiosas, o estudo, a música suave ou romântica, um pouco de isolamento, conversas construtivas, a companhia de pessoas discretas e de homens e mulheres maduros, reservados e amorosos.

QUANDO FIRMAR PARA OYÁ:
Para cortar magias negras
Para afastar eguns
Para “congelar” atuações de magos negros

FIRMEZA PARA OYÁ:
Bambu, cristal Fumê e cabaça com água

AMACI:
Água de chuva com folhas de eucalipto e pétalas de rosa amarela maceradas e curtidas por 7 dias.

ORIXÁ OYÁ TEMPO ou LOGUNAM

Oyá-Tempo é a Orixá que está assentada negativo (cósmico) do Trono da Fé.

Junto com Oxalá, dá a sustentação a todas as manifestações da Fé e  amparo a todos os “sacerdotes” virtuosos que estimulam a evolução religiosa dos seres.
O campo preferencial de atuação da Mãe Oyá-Tempo é o religioso, onde Ela atua como ordenadora do caos religioso. Rege a religiosidade nos seres. Absorve a fé em desequilíbrio, para reconduzir os seres ao caminho do equilíbrio.
Ela é o próprio espaço-tempo onde tudo se manifesta. Por isso dizemos que é uma Divindade atemporal, ou seja, é em Si o próprio Tempo, não está sujeita ao Tempo, mas rege o seu sincronismo.
Nossa relação ou noção de espaço-tempo depende da movimentação dos astros no espaço, e daí vêm os conceitos de dia e noite, bem como o nosso senso cronológico.
Simbolizada pela espiral do Tempo, manifesta-Se em todos os locais, assim como Oxalá, com o qual faz par, na Linha da Fé.
Sendo um Orixá Cósmico, Ela pune quem se aproveita com más intenções das Qualidades Divinas relacionadas com a Fé e a Religiosidade.
Tempo é ”o vazio cósmico” onde são retidos todos os espíritos que atentam contra os princípios divinos que sustentam a religiosidade na vida dos seres.
A essência cristalina irradiada pelo Divino Trono Essencial da Fé é neutra, quando irradiada. Mas como tudo se polariza em dois tipos de magnetismos, então o pólo positivo e irradiante é Oxalá e o pólo negativo e absorvente é Oyá-Tempo.
Oxalá é o Sol da vida enquanto Oyá é o Tempo, onde tudo se realiza.
Oxalá é a Fé abrasadora enquanto Oyá é o gélido Tempo, onde são desmagnetizados os seres desequilibrados nas coisas da Fé.
Oxalá é o Pai amoroso que fortalece o íntimo dos seres e os conduz ao encontro do Divino Criador enquanto Oyá é o Tempo por onde caminham os seres que estão buscando o Criador.
Oxalá é a Fé de Deus nos Seus filhos enquanto Oyá-Tempo é o rigor divino para com os filhos que lhe voltaram as costas.
Oxalá é o Orixá da Fé enquanto Oyá é o Orixá do Tempo, pois é o tempo que atua no ser, acelerando sua busca pela Fé ou afastando-o das coisas religiosas, direcionando sua evolução para outros sentidos da Vida.
Oxalá é passivo no seu magnetismo de corrente contínua, cuja irradiação estimuladora da Fé chega a todos o tempo todo enquanto Oyá é ativa no seu magnetismo de corrente alternada, onde uma onda espiralada estimula a religiosidade, enquanto a outra onda esgota a espiritualidade na vida dos seres emocionados, fanatizados ou desequilibrados.
Enquanto Oxalá é irradiante, Oyá é absorvente.
O Trono Feminino da Fé é encontrado em várias culturas, como uma Divindade atemporal e que se mostra como o espaço onde tudo acontece (a abóboda celeste).

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE IEMANJÁ

Trono: Trono Feminino da Geração e da Vida

Linha: Geração

Fatores: Criativo (Fator puro) e Geracionista ou Gerador (Fator misto).

Essência: Aquática

Cor: Branco cristalino, prata ou azul claro.
Em algumas Casas: Branco, azul claro. Também verde claro e rosa claro.

Características: Maternal, protetora, competente, dedicada, mandona, possessiva, Intrigante, controladora.

Instrumentos: Abebé (leque prateado, em forma circular, que pode trazer um espelho no centro); adê (coroa ou diadema); braceletes e pulseiras.

Fio de Contas: Contas e Miçangas de cristal. Firmas cristal.
Também podem ser feitos de pequenas pedras de Água Marinha.

Ervas:
1- Fonte: Adriano Camargo:
Ervas agressivas ou quentes de Yemanjá: Erva de bicho, buchinha do norte, alho. Verbos atuantes nas ervas quentes: invadir, transbordar, corroer, derramar.
Ervas equilibradoras ou mornas: Alfazema, anis estrelado, rosa branca, camomila, manjericão, erva de Santa Maria, mentruz, hibisco (flor), manjerona, mulungu (casca e raiz), noz moscada, margarida, sensitiva, arroz. Verbos atuantes nas ervas mornas: gerar, fluir, sustentar, avolumar.
2 - Mais ervas de uso comum: As pétalas de flores brancas e azuis clarinhas em geral; abebê; aguapé; alcaparreira (ou galeata); alga marinha; alteia (ou malvarisco); anis estrelado; araçá da praia (ou araticum do brejo, ou maçã de cobra); azaléia; boldo; camélia; cavalinha (ou milho de cobra); coco de iri; colônia (ou cardamono); condessa; embaúba; erva cidreira; erva de Santa Luzia; flor de laranjeira; folha de leite; fruta da condessa; gardênia; gerânio; golfo; graviola; guariroba; guabiraba (ou guabiroba); hortelã; hortênsia; íris; jasmim; jarrinha; jequitibá rosa; lágrimas de Nossa Senhora; levante; lótus; mãe boa; macela; malva; malva branca; marianinha (ou trapoeraba azul); musgo marinho; nenúfar; olhos de Santa Luzia (ou trapoeraba branca); oriri; pata de vaca; rama de leite; papoula; plantas aquáticas; trevo; unha de vaca; valeriana; violeta.

Oferendas:
1 - Comidas rituais: Canjica branca, peixe de água salgada, arroz-doce com mel, camarão, acaçá, pudim, manjar branco com calda de ameixa ou de pêssego, sagu com leite de coco, cocada branca, bolo de arroz, ebôya e vários tipos de furá. (Observação: *Ebôya, eboia ou fava de Yemanjá- Comida ritual do Candomblé, feita com fava cozida refogada com cebola, camarão, azeite de dendê ou azeite doce. Pode ser feita com o milho branco na falta da fava, então recebendo o nome de Dibô. É oferecida especificamente a Yemanjá. *Furá- Comida votiva ou ritual, no Candomblé. São bolinhos ou bolas feitos de arroz, ou inhame, ou farinha de mandioca, ou farinha de milho.)

2 - Frutas: Mamão, graviola, uvas brancas, melancia, melão, maçã verde, pêra, coco verde, coco seco, caqui, ameixa clara, uva-passa branca, pêssego, goiaba, melão,  uvas dedo de dama (uva Juliana), laranjas doces, as frutas suaves em geral, nabo, pepino.

3 - Bebidas: Água de coco, mel, água salgada ou potável, o champanhe claro e os sucos de suas próprias ervas e frutos.

4 - Flores: Rosas e palmas brancas, angélicas, orquídeas, crisântemos brancos.

Símbolo: Lua minguante, ondas, peixes.

Pontos da Natureza: Mar

Flores: Rosas e palmas brancas, flor de laranjeira, hibisco, angélicas, orquídeas, crisântemos brancos, hortênsia, azaléia, gerânio, papoula, nenúfar (a flor da planta aquática de mesmo nome, também conhecida como lótus branco).

Essências: Jasmim, Rosa Branca, Orquídea, Crisântemo.

Pedras: Pérola, Água Marinha, Lápis-Lazúli, Calcedônia, Turquesa, Diamante, Madrepérola, Zircão, Quartzo Azul, Topázio Azul e pedras azuis em geral. Dia indicado para consagrar: domingo. Hora indicada: 10 horas.

Minérios: Platina. Dia indicado para a consagração: sábado. Hora indicada: 12 horas.

Metal: Prata, Cobalto e Chumbo.
Observação: A maior parte da Prata é um subproduto da mineração de Chumbo e está frequentemente associada ao Cobre. Dentre os metais, é a que mais conduz corrente elétrica, superando o Cobre e o Ouro.

Saúde:
1 - Psiquismo e Sistema Nervoso - quadros ligados às emoções, que sempre são relacionadas ao elemento água e às influências da Lua e de Netuno, planetas associados ao Orixá Yemanjá.
2 - Porque Yemanjá é a Regente do Sentido da Geração e da Vida, ligado ao Chakra Básico, também estão envolvidos a coluna vertebral, os rins, o aparelho reprodutor e os membros inferiores e alguns músculos.
As musculaturas que podem ser atingidas por um bloqueio nessa região são: glúteos, diafragma pélvico, músculos internos da barriga e da região lombar (abdominais, lombares, lombo sacrais e glúteos médios).
Pessoas com estes bloqueios podem apresentar hemorróidas, dores lombares, tensão nas pernas e pés, problemas nos aparelhos urogenitais e dificuldades sexuais.

Planeta: Lua e Netuno.

Dia da Semana:
Na Umbanda, os dias da semana consagrados a Yemanjá são a 2ª feira (regência da Lua) e a 6ª feira (dia de Vênus e de Netuno; sendo que o planeta Netuno, “o deus dos mares”, está diretamente associado a Yemanjá e à Linha dos Marinheiros).

No Culto de Nação e no Candomblé, no geral, Yemanjá tem como dia da semana o sábado. Alguns lhe dedicam a 6ª feira.

Elemento: Seu 1º Elemento de atuação é a Água e o 2º elemento é o Cristal.

Chakra: Básico (ligado ao Sentido da Geração).
O chakra Básico (ou Raiz) fica na base da coluna vertebral, logo acima dos órgãos reprodutores. Dá sustentação aos demais chakras. Posição vertical, ele se abre para baixo, formando um eixo magnético com o chakra da Coroa.
Abrange: Alimentação, equilíbrio, saúde e finanças. Pode solucionar grande parte dos problemas comuns no ser humano.
Importância deste chakra: Ligado às glândulas supra-renais, é o responsável pela absorção da Kundalini (energia da terra) e pelo estímulo direto da energia no corpo e na circulação do sangue. Está muito ligado às sensações físicas e diretamente relacionado com os membros inferiores e os instintos físicos. Atua na irrigação dos órgãos sexuais.
Por meio dele é que entram as energias que nos conectam com a terra e com o mundo exterior.  Ligação com a terra, com o bem-estar físico, com o instinto de sobrevivência, com a vitalidade e com a sexualidade.
Está diretamente ligado à vontade: ele nos dá motivação e energia para agir, fazer, realizar, ganhar nosso sustento, enfrentar obstáculos etc.
Na época atual, encontra-se passivo, na maioria dos indivíduos, pois só entra em atividade por um ato de vontade dirigida e controlada pelo iniciado. Por que isso? Porque o chakra Básico responde ao aspecto vontade.
Da mesma forma que o princípio “vida” está situado no coração, o princípio da “vontade” está situado no chakra Básico, na base da coluna.
Seu principal aspecto é a inocência, qualidade pela qual experimentamos a alegria pura, infantil, sem as limitações do preconceito e dos condicionamentos, e que nos dá dignidade, equilíbrio e um enorme senso de direção e propósito na vida. É apenas simplicidade, pureza e alegria.
No chakra Básico se unem matéria e espírito e a Vida se relaciona com a forma.  É o chakra onde a "serpente de Deus" (Energia Divina) experimenta duas transformações:
1 - A “serpente da matéria” permanece enrolada sobre si mesma, e se transforma na "serpente da sabedoria" quando despertamos nossa consciência de filhos de Deus;
2 - A “serpente da sabedoria” sobe ao longo da coluna, até chegar ao topo da cabeça, no chakra da Coroa, e então se converte no "dragão de luz vivente", quando passamos a viver conectados com a Luz.
Essas etapas são nutridas pela Energia que flui através da coluna vertebral, por intermédio do cordão vertical (eixo magnético) que se forma do chakra Coronário ao chakra Básico.
Esta é uma representação da energia kundalini, uma Energia Divina que vem da Terra, que é básica para a nossa existência, e que desperta quando tomamos consciência de que somos espíritos imortais vivendo importantes experiências na carne. Ao tomarmos consciência da nossa origem Divina, a kundalini desperta e nos traz o prazer de viver, gratidão pela Vida etc. Então ela sobe pela coluna vertebral, até chegar ao chakra da Coroa, onde se encontra com as Energias que vêm do Alto (“as Energias do espírito”).
Cor de vibração do chakra Básico: vermelho.
Desequilíbrios neste chakra podem ser tratados com o uso de velas e demais elementos ligados a Yemanjá, a Divina Regente deste nosso centro de forças.

Saudação: Odô iyá, Odô Fiaba, Odôyabá! Odoyá Omi Ô! Odô cyaba!

Bebida: Champanhe branco, água mineral, calda de ameixa, calda de pêssego, “água de arroz” (deixar o arroz de molho em água mineral e depois utilizar essa água), água do cozimento da canjica.

Animais: Peixes, Cabra Branca, Pata ou Galinha branca.

Número: Na Umbanda, Yemanjá é associada ao número 08.

Data Comemorativa:
Em algumas Casas: 02 de fevereiro, sincretizada com Nossa Senhora das Candeias (ou da Luz) ou com Nossa Senhora dos Navegantes;
Em outras: 08 de dezembro, sincretizada com Nossa Senhora da Conceição.
Quando sincretizada com Nossa Senhora da Glória, é festejada em 15 de agosto, data em que a Igreja Católica festeja a Ascensão ou Assunção (subida aos céus) da Virgem Maria.

Sincretismo:
Nossa Senhora das Candeias (ou da Luz); Nossa Senhora da Conceição dos Navegantes; Nossa Senhora da Glória (nome que se dá à Virgem Maria pela sua Ascensão ou Assunção aos Céus; sendo que Maria é a Mãe, dentro da liturgia Católica).

Incompatibilidades: No Culto de Nação e no Candomblé, observam-se algumas proibições (euós ou quizilas) em relação ao Orixá Yemanjá: quiabo, feijão, peixe de pele; ataré (pimenta da costa). Para algumas Qualidades de Yemanjá, o dendê também é uma proibição. Tais elementos não podem ser a Ela ofertados.
Seus filhos e filhas de santo não podem consumir esses e também os seguintes alimentos:
1- de origem animal: a cabeça da galinha de angola; arraia; camarão vermelho; caranguejo; lula; peixes de pele; peixes vermelhos; sangue de animais;
2- de origem vegetal: inhame; uva branca; tangerina; banana-figo (muito parecida com a banana da terra, porém menor e com um teor de açúcar mais baixo); carambola; abóbora. 

FONTE: “Culto aos Orixás, Voduns e Ancestrais nas Religiões Afro-brasileiras”, org. Carlos Eugênio Marcondes de Moura, Editora Pallas, 2004, páginas 48 e 190/193.

Qualidades:
Teoricamente, haveria 16 Qualidades de Yemanjá, mas o número geralmente encontrado é superior: Iemowo, Iamassê, Iewa, Olossa, Ogunté, Assabá, Assessu (ou Sessu ou Iyasessu), Sobá, Tuman, Ataramogba, Masemale, Awoió, Kayala, Marabô, Inaiê, Aynu, Susure, Iyaku, Acurá, Maialeuó, Conlá.

Na Bahia e em Cuba se diz que há uma Yemanjá, filha de Olokun, à qual se chega por sete caminhos. Daí falar-se em sete Yemanjás; sendo que cada nome diz respeito ao ponto da natureza onde a Divindade se encontra.
Segundo Lydia Cabrera, Antropóloga e Poeta cubana que viveu de 20 de maio de 1899 a 19 de setembro de 1991 e que é considerada uma autoridade em cultura afro-cubana, os sete nomes, sete caminhos ou sete Qualidades de Yemanjá e suas características são estas:

Iemowô - que na África é a mulher de Oxalá;
Iamassê - mãe de Xangô;
Euá (ou Yewá) - Rio que na África corre paralelo ao rio Ògùn;
Olossá - a lagoa na qual deságua o rio Ògùn;
Yogunté ou Ogunté - casada com Ogun Alagbedé. É uma amazona terrível; traz na cintura o facão e os outros instrumentos de ferro de Ogun. Adora carneiro e não tolera pato;
Assabá - Está sempre fiando algodão. Tem um olhar insustentável; é muito orgulhosa, e somente escuta dando as costas ou ficando ligeiramente de perfil. Usa uma corrente de prata amarrada no tornozelo. Foi mulher de Orumilá, que aceitava seus conselhos com respeito;
Assessú - É voluntariosa, muito séria e respeitável. Vive em águas agitadas. Gosta de comer pato. Muito lenta ao escutar os pedidos dos fiéis, esquece-os; e se põe a contar as penas do pato que lhe deram como oferenda. Quando se engana no cálculo, ela recomeça, e a operação se prolonga indefinidamente.