quarta-feira, 27 de agosto de 2014

FIOS DE CONTAS NO CANDOMBLÉ

Na mitologia sobre a invenção do candomblé, os colares de contas aparecem como objectos de identificação dos fiéis aos Deuses e o seu recebimento, como momento importante nessa vinculação. De acordo com o mito, a montagem, a lavagem e a entrega dos fios-de-contas constituem momentos fundamentais no ritual de iniciação dos filhos de santo, os quais, daí em diante, além de unidos, estão protegidos pelos Orixás.
Feitos com contas de diferentes materiais e cores, esses fios apresentam uma grande diversidade e podem ser agrupados por tipologias de acordo com os usos e significados que têm no culto. Assim, acompanham e marcam a vida espiritual do fiel, desde os primeiros instantes da sua iniciação até às suas cerimónias fúnebres.
Como nos momentos da montagem e do recebimento, também o instante da ruptura é significativo; entretanto, o rompimento do fio de contas, mais do que indicar um mau presságio, que assusta e preocupa o indivíduo e a comunidade, pode ser o início de um novo ciclo, um recomeço, um momento de viragem que pede um novo fio. Dos primeiros fios – simples, ascéticos e rigorosos – às contas mais livres, exuberantes, complexas e personalizadas que a pessoa vai produzindo ou ganhando ao longo do tempo, delineia-se o caminho de cada um na sua vinculação aos Orixás e à comunidade do terreiro.
Desta maneira, mais do que a libertação do gosto particular, as transformações nos colares revelam o conhecimento adquirido pela pessoa e sua ascensão na hierarquia religiosa.De tal modo que um leigo pode passar despercebido por um fio de contas ou vê-lo apenas como um adorno, enquanto um iniciado na cultura do candomblé o tomará como um objecto pleno de significados, que pode ser “lido” e no qual é possível identificar a raiz, o Orixá da cabeça e o tempo de iniciação, entre outros dados da vida espiritual de quem o usa.
Dos ritos secretos e espaços fechados do culto aos Orixás, os fios de contas ganharam o mundo e adquiriram novos usos.Da África vieram para o Brasil e para todo o mundo onde o Candomblé se tem difundido.
Hoje, devido ao sincretismo religioso, além dos espaços de culto, é possível observar a presença de fios de contas em lugares inusitados como automóveis e lojas, mas já destituídos das funções e sentidos primordiais, usados apenas para proteger os espaços e as pessoas contra maus agouros.
Pode ser chamado fio de contas desde aquele de um fio único de missangas até a um colar com vários fios presos por uma ou várias firmas.
A quantidade de fios pode variar de uma Nação para outra na correspondência de cargos.
Na hierarquia do Candomblé toda a pessoa que entra para a religião será um Abiã e assim permanecerá até que se inicie.Ao Abiã só é permitido o uso de dois fios de contas simples de um fio só, um na cor branco leitoso que corresponde a Oxalá, de acordo com a nação e um na cor do Orixá da pessoa, quando já tenha sido identificado, dessa forma pode-se saber que a pessoa é um Abiã e qual é o seu Orixá.

Um Egbomi usa diversos colares de um fio só, com contas na cor dos Orixás que já são assentados e estas já podem ser intercaladas com corais ou firmas Africanas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário