Yemonjá,
por presidir à formação da individualidade, que como sabemos está na cabeça,
está presente em todos os rituais, especialmente o Bori.
É
a rainha de todas as águas do mundo, seja dos rios, seja do mar. O seu nome
deriva da expressão YéYé Omó Ejá, que significa, mãe cujo filhos são peixes. Na
África era cultuada pelos Egbá, Nação Iorubá da região de Ifé e Ibadan onde se
encontra o rio Yemojá. Esse povo transferiu-se para a região de Abeokutá,
levando consigo os objetos sagrados da deusa, e foram depositados no rio Ogun,
o qual, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o Orixá Ogun, apesar de no
Brasil Yemojá ser cultuada nas águas salgadas, a sua origem é de um rio que
corre para o mar. Inclusive, todas as suas saudações, orikís e cantigas remetem
a essa origem, Odó Iyà por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação Erù Iyà
faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do
mar, sendo esse um dos locais de culto a Yemonjá.
Yemonjá
é a mãe de todos os filhos, mãe de todo mundo. É ela quem sustenta a humanidade
e, por isso, os órgãos que a relacionam com a maternidade, ou seja, a sua vulva
e seus seios chorosos são sagrados.
Yemonjá
é o espelho do mundo, que reflete todas as diferenças, pois a mãe é sempre um
espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que
mostra os caminhos, que educa, e sabe sobre tudo, explorar as potencialidades
que estão dentro de cada um, como fez com os guerreiros de Olofin, mostrando o
quanto eram bons nos seus ofícios, mas dizendo, ao mesmo tempo, que a guerra
maior é a que travamos contra nós mesmos.
A
energia de Iemanjá juntou-se a Orugan. Dessa interação nasceram diversos Omo - Orixás
e dos seus seios rasgados jorraram todos os rios do mundo. Yemonjá é a própria
água, suas lágrimas transformaram transformar num rio que correu em direção ao
oceano. Portanto, não é por acaso que as lágrimas e o mar tem o mesmo sabor.
Dissimulada,
e ardilosa, Yemonjá faz uso da chantagem afetiva para manter os filhos sempre
perto de si.É considerada a mãe da maioria dos Orixás de origem Iorubá. É o
tipo de mãe que quer os filhos sempre por perto, que tem uma palavra de
carinho, um conselho, um alívio psicológico. Quando os perde é capaz de se
desequilibrar completamente.
Yemonjá
é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam como forem, tenham ou não
saído do seu ventre. Quando humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele
menino cheio de chagas, fez irromper um grande guerreiro. Yemonjá criou Omulu,
o filho e senhor, o rei da terra, o próprio Sol.
Características
dos filhos de Yemonjá:
São
imponentes, majestosos e belos, calmos, sensuais, fecundos, cheios de dignidade
e dotados de irresistível fascínio (o canto da sereia). São voluntariosos,
fortes, rigorosos, protetores, altivos e, algumas vezes, impetuosos e
arrogantes; têm o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justos mas
formais; põem à prova as amizades que lhes são devotadas, custam muito a
perdoar uma ofensa e se a perdoam, não a esquecem jamais. Preocupam-se com os outros,
são maternais e sérios. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, das
fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Eles têm tendência à vida
sumptuosa, mesmo se as possibilidades do quotidiano não lhes permitem um tal
fausto.
As
filhas de Yemonjá são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas,
criando até os filhos de outros (Omulu). Não perdoam facilmente, quando
ofendidas. São possessivas e muito ciumentas.
São
pessoas muito voluntariosas e que tomam os problemas dos outros como se fossem
seus. São pessoas fortes, rigorosas e decididas. Gostam de viver em ambientes
confortáveis com certo luxo e requinte. Põe à prova as suas amizades, que
tratam com um carinho maternal, mas são incapazes de guardar um segredo, por
isso não merecem total confiança. Elas costumam exagerar nas suas verdades
(para não dizer que mentem) e fazem uso de chantagens emocionais e afetivas.
São pessoas que dão grande importância aos seus filhos, mantêm com eles os
conceitos de respeito e hierarquia sempre muito claros.
Nas
grandes famílias há sempre um filho de Yemonjá, pronto a envolver-se com os
problemas de todos, pois gosta tanto disso que pode revelar-se um excelente
psicólogo. Fisicamente, os filhos de Yemonjá tendem à obesidade, ou a uma certa
desarmonia no corpo. As mulheres, por exemplo, acabam por ficar com os seios
caídos e as nádegas contidas e preferem os cabelos compridos. São extrovertidos
e sabem sempre de tudo (mesmo que não saibam).
Dia: Sábado
Cor: Branco,
Prateado, Azul e Rosa
Símbolo: Abebé
prateado.
Elementos: Águas
doces que correm para o mar, Águas do mar
Domínios: Maternidade
(educação), Saúde mental e Psicológica
Saudação: Erù-Iyá,
Odó-Iyá
Fonte:
Candomblé, A Panela do Segredo
Pai Cido de Osun Eyn - 2000
Nenhum comentário:
Postar um comentário