quarta-feira, 27 de agosto de 2014

IRÔKO NO CANDOMBLÉ

Irôko é um Orixá muito antigo. Irôko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra. Irôko é a própria representação da dimensão Tempo. Irôko é o comandante de todas as árvores sagradas, o vanguardeiro, os demais Osa Iggi devem-lhe obediência porque só ele é Iggi Olórun, a árvore do Senhor do Céu.
Irôko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um orixá cultuado no candomblé do Brasil pela Nação Ketu e, como Loko, pela Nação Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na Nação Angola ou Congo.
Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Irôko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios.
É o Orixá Irôko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.
Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilônia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egito como Anúbis, o Deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.
É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o coletivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.
Em África, a sua morada é a árvore Irôko, Milicia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua Portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro.
No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Irôko habita a gameleira branca, Ficus gomelleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores como morada de Irôko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.
Irôko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás.
Desrespeitar Irôko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue… Irôko representa a história do Ilê (casa), assim como do seu povo… protegendo-o sempre das tempestades.
Ao contrário da maioria dos Orixás, este não costuma “baixar” nas festas de santo. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa. Os animais a ele consagrados são a tartaruga e o papagaio.
Irôko é um Orixá pouco cultuado tanto no Brasil como em Portugal, e os seus filhos também são muito raros. Os seus filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu Orixá.

Características dos filhos de Irôko:
Os filhos de Irôko são tidos como eloquentes, ciumentos, camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, turrões e generosos.
Gostam de diversão: dançar e cozinhar; comer e beber bem.Apaixonam-se com facilidade e gostam de liderar.
Dotados de senso de justiça, são amigos queridos, mas também podem ser inimigos terríveis, no entanto, reconciliam-se facilmente.
Um defeito grande é o fato de não conseguirem guardar segredos.

Iroko Kisselé; Eró Iroko issó, eró!

Dia: Terça-feira.
Cores: Branco, Verde (ou Cinza) Castanho
Símbolo: Tronco
Domínios: Ancestralidade
Saudação: Irôko Issó! Eró!Iroko Kissilé.

Fonte:
Candomblé, A Panela do Segredo
Pai Cido de Osun Eyn - 2000

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